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PUBLIC MARKS from tadeufilippini with tag antologia

2018

LibriVox

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Antologia Brasileira, Coletânea em Prosa e Verso de Escritores Nacionais, Volume 1 VARIOUS ( - ) and Eugenio WERNECK ( - ) A Antologia Brasileira de Eugenio Werneck, cuja primeira edição foi publicada em 1900, como parte da comemoração pelo quarto centenário do Brasil, foi um dos livros didáticos para ensino de literatura brasileira mais populares de sua época, tendo atingido a 17a edição em 1935 e a 22a em 1942. Composta de duas partes, a primeira dedicada à prosa e a segunda à poesia, o livro pretendia introduzir à juventude brasileira trechos notáveis das obras dos mais importantes autores brasileiros, dos tempos coloniais ao fim do século XIX, sobre os mais diversos assuntos e sob as mais diversas formas literárias. Cada excerto vem precedido de uma nota biobibliográfica sobre o autor. O audiolivro será dividido em dois volumes correspondentes às duas partes da obra. Esta primeira parte, "Prosa", é subdividida em "Narrações e descrições", "Teatro", "Questões Sociais e Caracteres", "Eloquência Sagrada e Política" e "História e Tradição". (Resumo escrito por Leni) Genre(s): General Fiction, *Non-fiction, Biography & Autobiography Language: Portuguese

2008

Antologia Poetica de Bertolt Brecht

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Aos que virão depois de nós I Eu vivo em tempos sombrios. Uma linguagem sem malícia é sinal de estupidez, uma testa sem rugas é sinal de indiferença. Aquele que ainda ri é porque ainda não recebeu a terrível notícia. Que tempos são esses, quando falar sobre flores é quase um crime. Pois significa silenciar sobre tanta injustiça? Aquele que cruza tranqüilamente a rua já está então inacessível aos amigos que se encontram necessitados? É verdade: eu ainda ganho o bastante para viver. Mas acreditem: é por acaso. Nado do que eu faço Dá-me o direito de comer quando eu tenho fome. Por acaso estou sendo poupado. (Se a minha sorte me deixa estou perdido!) Dizem-me: come e bebe! Fica feliz por teres o que tens! Mas como é que posso comer e beber, se a comida que eu como, eu tiro de quem tem fome? se o copo de água que eu bebo, faz falta a quem tem sede? Mas apesar disso, eu continuo comendo e bebendo. Eu queria ser um sábio. Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria: Manter-se afastado dos problemas do mundo e sem medo passar o tempo que se tem para viver na terra; Seguir seu caminho sem violência, pagar o mal com o bem, não satisfazer os desejos, mas esquecê-los. Sabedoria é isso! Mas eu não consigo agir assim. É verdade, eu vivo em tempos sombrios! II Eu vim para a cidade no tempo da desordem, quando a fome reinava. Eu vim para o convívio dos homens no tempo da revolta e me revoltei ao lado deles. Assim se passou o tempo que me foi dado viver sobre a terra. Eu comi o meu pão no meio das batalhas, deitei-me entre os assassinos para dormir, Fiz amor sem muita atenção e não tive paciência com a natureza. Assim se passou o tempo que me foi dado viver sobre a terra. III Vocês, que vão emergir das ondas em que nós perecemos, pensem, quando falarem das nossas fraquezas, nos tempos sombrios de que vocês tiveram a sorte de escapar. Nós existíamos através da luta de classes, mudando mais seguidamente de países que de sapatos, desesperados! quando só havia injustiça e não havia revolta. Nós sabemos: o ódio contra a baixeza também endurece os rostos! A cólera contra a injustiça faz a voz ficar rouca! Infelizmente, nós, que queríamos preparar o caminho para a amizade, não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos. Mas vocês, quando chegar o tempo em que o homem seja amigo do homem, pensem em nós com um pouco de compreensão.

decio pignatari - O LOBISOMEM

O LOBISOMEM O amor é para mim um iroquês De cor amarela e feroz catadura Que vem sempre a galope, montado Numa égua chamada Tristeza. Ai, Tristeza tem cascos de ferro E as esporas de estranho metal Cor de vinho, de sangue e de morte, Um metal parecido com ciúme. (O iroquês sabe há muito o caminho e o lugar Onde estou à mercê: É uma estrada asfaltada, tão solitária quanto escura, Passando por entre uns arvoredos colossais Que abrem lá em cima suas enormes bocas de silêncio e solidão.) Outro dia senti um ladrido De concreto batendo nos cascos: Era o meu Iroquês que chegava No seu gesto de anti-Quixote. Vinha grande, vestido de nada Me empolgou corações e cabelos Estreitou as artérias nas mãos E arrancou minha pele sem sangue E partiu encoberto com ela Atirando-me os poros na cara. E eu parti travestido de Dor, Dor roubada da placa da rua Ululando que o vento parasse De açoitar minha pele de nervos. Veio o frio com olhos de brasa Jogou olhos em todo o meu corpo; Encontrei uma moça na rua, Implorei que me desse sua pele E ela disse, chorando de mágoa, Que era mãe, tinha seios repletos E a filhinha não gosta de nervos; Encontrei um mendigo na rua, Moribundo de fome e de frio: «Dá-me a pele, mendigo inocente, Antes que Ela te venha buscar.» Respondeu carregado por Ela: «Me devolves no Juízo Final?»; Encontrei um cachorro na rua: «Ó cachorro, me cedes tua pele?» E ele, ingénuo, deixando a cadela Arrancou a epiderme com sangue Toda quente de pêlos malhados E se foi para os campos de lua Desvestido da própria nudez Implorando a epiderme da lua. Fui então fantasiado a travésti Arrojado na escala do mundo E não houve lugar para mim. Não sou cão, não sou gente – sou Eu. Iroquês, Iroquês, que fizeste? Décio Pignatari Décio Pignatari nasceu em Jundiaí, São Paulo, no ano de 1927. Começou a publicar poemas na Revista Brasileira de Poesia, integrado no Clube de Poesia, de São Paulo, liderado por poetas críticos da Geração de 45. Em 1952 fundou o Grupo Noigandres, com Augusto de Campos e Haroldo de Campos, oferecendo um forte contribuo para a implementação da Poesia Concreta no Brasil. Tradutor de várias obras, foi um dos fundadores da revista Invenção. Colaborou em vários periódicos, foi professor de Semiótica, publicou ensaios e livros de poesia. Em 1977 reuniu a sua obra poética no volume Poesia Pois é Poesia.